Mágoas e traumas

Acabei de ver uma reportagem no Fantástico sobre o acidente do barco Bateau Mouche. Informações aqui. Uma dos sobreviventes deu uma entrevista e se emocionou falando do episódio. Eu pensei: "Putz, faz mais de 20 anos e ela ainda é traumatizada". Sim, um pensamento meio cretino, né?

Enfim, daí eu pensei nos meus traumas e nas minhas mágoas. Será que vão doer para sempre? Será que vão ser sempre uma fonte latente de lágrimas? Daqui 20, 30, 40 anos eu ainda vou sofrer lembrando de algumas coisas, infelizmente, inesquecíveis? Eu mesma acho isso um absurdo.

Meu psicólogo fala que a gente não pode sofrer o resto da vida por algum acontecimento amargo. Eu concordo. Imaginem, por exemplo, uma mulher que tenha sido estuprada. Ela tem todos os direitos e motivos para enlouquecer de sofrer por um bom tempo. Mas não deve sofrer e viver em torno disso o resto da vida dela. Não seria justo com ela mesma.

E também não é justo comigo mesma que eu me, digamos, permita sofrer para sempre. É muito simplista dizer que as pessoas se deixam sofrer, se permitem ser infelizes. Não é tão banal assim.

Mas nenhum sofrimento merece que se jogue fora uma vida toda. NENHUM. Nenhuma decepção amorosa, nenhuma enganação, nenhum estupro, nenhum holocausto, nem um assassinato de pai ou mãe. A gente tem que se reconstruir. Tem simplesmente porque tem.

Uns anos atrás, estávamos, eu e mais duas amigas, discutindo sobre se é normal uma mulher amar a vida inteira um namorado do passado, de um relacionamento que não deu certo. Dizem que é o que mais existe por aí. Enfim, o meu veredicto e o de mais uma amiga foi: não, não é normal. Não é normal perder uma vida inteira por causa de um amor absolutamente extinto, que mal existe na imaginação e nas lembranças.
A gente tem é de viver na realidade.

Enfim, não é fácil - nem um pouquinho! - superar grandes traumas. Mas tem-se que. Acaba sendo a solução menos dolorosa e menos pior.

6 comentários:

Cris Medeiros disse...

Eu concordo que nossos traumas não deveriam influenciar nosso presente e futuro... Mas é muito difícil não deixar isso acontecer...

Eu tenho cá meus fantasmas que vem me assombrar de vez em quando... Chato mesmo são os traumas recorrentes, aqueles que não acontecem uma vez, mas várias... Pra mim esses foram os piores, os que mais me marcaram e os mais difíceis de lidar...

Beijocas

Desabafando disse...

Olha...é muito difícil julgarmos essa pessoa traumatizada dessa reportagem porque cada um tem seu tempo interno pra assimilar os acontecimentos e buscar saídas e soluções pra seus problemas. Existem pessoas que preferem deixar as coisas quietas ao invés de resolve-las...e nisso o tempo passa e o trauma continua.

Eu também tenho muitos traumas, alguns já superados graças a terapia...mas se eu for pensar...um deles levei 12 anos pra superar, agora é que consigo falar sobre o assunto sem chorar e me magoar...outros consegui vencer mais rapidamente. Isso é um processo muito pessoal. Ainda tenho algumas coisas pra vencer mas procuro encarar numa boa já que estou fazendo um grande esforço pra limpar meu interior e ser alguém mais feliz. Ter essa atitude de ir atrás e se esforçar pra resolver certas coisas já é um passo muito maior que se pode imaginar. Muita gente não consegue dar esse passo nem numa vida inteira.

Ah, tem selinho pra vc no meu blog...

Anônimo disse...

Por mais que se tenha superado um trauma, se tiver deixado marcas muito profundas, toda vez que a lembrança vier, a emoção vai emergir.
Lógico que isso só vale para grandes traumas - o que definitivamente não inclui a perda de um namorado rs.

Sabe que o meu pai outro dia disse uma coisa certa (que depois me fez pensar muito). Tudo o que sentimos é resultado da reação química.
Vou me explicar com um exemplo: quando estamos naquela deprê causada por uma tpm aguda, pode ter a maior maravilha do mundo que vai ser no mínimo meia boca. O contrário também acontece. quantas vezes acordamos tão felizes (às vezes sem motivo algum) e nada abala nosso bom humor.

Então, um estado permanente de dor, como o que você comenta no post, é sim caso para tratamento e remédios.

Adorei o blog. Estou linkando no Ponto Rouge para vir aqui mais vezes.

beijo rouge

Dani

Camila disse...

eu tbm vi essa entrevista !
ha eu não sei nada sobre a literatura expressionista,! voce sabe?? neh??
falaa algo pra miim sobre


bejoos

Juliana* disse...

Olha eu aquiiiiiii!!!!

Concordo em absoluto.Acredito que a felicidade é possível sim em qualquer circunstÂncia, é obrigação lutarmos por ela!!!

Adoro seus posts!!!!!!


beijos

Juliana* disse...

ah, sobre o que é 'roxie' é tudo o que é muito bom...eu também não sabia.Sei lá, esses 'estrangeirismos modernos' nas palavras me deixa ressabiada...

beijos

 
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