Livro "Cleo e Daniel", de Roberto Freire

Primeiro romance de Roberto Freire, lançado em 1966, escandalizou o país com sua linguagem contemporânea e contundente. Foi considerado um “Romeu e Julieta” nacional. Dois adolescentes, de quinze e dezessete anos descobrem e vivem o amor total, e por isso mesmo são caçados pela população da cidade de São Paulo. Com mais de trinta anos, continua um romance atual e interessa igualmente à juventude.
Dito aqui.

Acabei de ler o livro e quis colocar trechos que eu considerei interessantes aqui no blog. No entanto, não tenho paciência para escrever enredos de qualquer coisa no mundo. Daí, procurei pela internet algumas sinopses e descobri que o livro havia sido lançado nos Anos 60. Isso me surpreendeu. Me pareceu uma historia dos Anos 80, começo dos Anos 90. De fato, a sinopse acima está correta: Com mais de trinta anos, continua um romance atual e interessa igualmente à juventude.

Mas o enredo acima ainda continua incompleto. Aqui está o melhor resumo.

Bem, o livro não é o que eu esperava. Mas também não é o que eu esperava para pior: um romancezinho boboca sobre dois jovens descobrindo o amor, blá, blá, blá. Eu imaginava que fosse apenas isso. Não, tem bastante coisa interessante. Mas me surpreendi por eu não tê-lo considerado o melhor livro que eu já li na minha vida, como muitas pessoas consideram.

Pensando agora que o lançamento foi nos Anos 60, com certeza ABSOLUTA causou muita polêmica...

Por que me interessei em ler Cléo e Daniel: primeiro porque é famoso, sem falsa hipocrisia. Segundo porque o título é muito bem sacado: Cleo e Daniel, Cleo e Daniel, Cleo e Daniel. Uma excelente rima, no mínimo. Roberto Freire é gênio nisso, parece-me: um outro livro seu bastante famoso é Ame e Dê Vexame. Não tem como não ter vontade de ler.

Enfim, vou transcrever aqui alguns dos trechos de que eu mais gostei:

[Situação: Cleo e Daniel beijam-se em uma praça. Não é o primeiro beijo deles - que haviam até transado até então -, mas é a primeira vez que eles sentem o amor. Como estão num lugar público, transeuntes os observam]

Quem, como pessoa, pode suportar, face às suas limitações, frustrações e angústias, a imagem da liberdade total, do prazer e da alegria revelados de forma pura e natural? Quem, como pessoa, que racionaliza o impossível, que mistifica o misterioso e sublima a impotência, pode tolerar a visão física do eterno, o segredo humano revelado, a energia vital possuída e possuindo?

Não sei via nada, além da estátua de um beijo. Estátua de carne, mas estátua. Nenhum movimento. Apenas o tempo do beijo era maior, como o das estátuas. Só isso se via sobre o banco da praça. cada um que olhava, entretanto, sentia o que não estava olhando. E entrava merda em lugar de sangue, em seu coração. Sentia, cada um, ao ver aquilo, o que não houve nunca em si mesmo. E a estátua de carne torna-se uma ofensa. Ofensa insuportável que exige revide. Necessidade de revide que inveja, é o ódio. E quando chega-se ao ódio, descobre-se o amor. O amor inatingível, o alheio amor. Então, olhando o beijo de Cleo e Daniel, sentindo o que vê - o desconhecido sentimento, o inatingível prazer - cada um é um mendigo em desespero Cada um é o ódio exigindo destruição.

Esse foi o trecho de que mais gostei, o mais memorável para mim. Depois coloco os outros.

Nota do livro: 8,0
Motivou a: - ler Coiote, também do Roberto Freire, para ver qual é, hehehe;
- conhecer a tragédia Daphnis e Chloe, em que é baseado Cleo e Daniel e é citada diversas vezes no livro.

Ainda não pensei em nenhum "lição" substancial a se retirar do livro...

6 comentários:

Gustavo disse...

adorei o formato do seu blog!
vintage CHIC total!

bju darling

Anônimo disse...

Oi!

Adoro ler quem consegue fazer comentários sobre livros. Eu tento, mas na maioria das vezes só consigo dizer se gostei ou não, o que não é realmente útil.
Sobre o que você perguntou no comentário no meu blog: existe aquele espaço enorme de tempo (2005-2008) porque postei pelo blogger.com.br nesse intervalo. Já andei bastante por esse mundo dos blogs. :)

Abraço!

Anônimo disse...

Olá! Obrigada pela visita e pelo comentário...

Gostei muito da forma como você posta.
Nesse post atual, adorei seus comentários sobre Cleo e Daniel e confesso que fiquei com vontade de le-lo! Vou coloca-lo em minha lista de livros, que só aumenta!
Hehehehehehehe...
E confesso que unca tinha ouvido falar nesse livro, que vc disse ser famoso. Acho que estou presa de mais a nova literatura, mas boboca e menos memorável.

Adorei tabém o Post: "Eu calço é 37, meu pai me dá 36"! =)

Beijos

Bruna disse...

Grrr, tinha feito um grande comentário e perdi por um erro da internet.. agora fiquei com preguiça de comentar tudo de novo! hahaha Beeeijos!

Eu disse...

Com a morte do Roberrto Freire acabei lendo muita coisa que não sabia a seu respeito, e entre elas do seu livro mais famoso e de que não se tratava apenas em um mero romance. Foi pesquisando sobre o livro que cheguei no seu blog, me cadastrei e começarei a publicar alguma coisa aqui

Acabei de comprar o livro e em poucos dias chega em casa. Espero poder agregar alguma coisa aqui.

Nos falamos, Za4

Anônimo disse...

Acho mesmo que ele queria somente nos falar da morte do amor em nós!!!

 
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