Hemingway feelings

Estou lendo Paris est une fête ou, em português, Paris é uma festa, do Ernest Hemingway. Estou na metade do livro, em que o autor/narrador fala de uma época da juventude, na qual viveu na capital francesa. Entre um ou outro dissabor, ele passava FOME, porque, evidentemente, não tinha dinheiro para comprar comida. Ele chegava até a desviar dos lugares onde havia restaurantes, para não passar vontade. Mas ele era FELIZ por viver na cidade, por sua beleza, pelo frenesi cultural latente, pelas companhias. Não sei quanto depois Hemingway viria a ser reconhecido, ganharia o Prêmio Nobel, etc. E se suicidaria, diga-se de passagem.

Eu leio o livro e me identifico. Porque eu estou metaforicamente passando fome, apesar do meu potencial. MAS, infelizmente, não estou feliz como Hemingway era... Ao contrário: as coisas estão chatas, difíceis, arrastadas. Vai ver que essa diferença de ânimo tem a ver com as companias com as quais eu tenho de conviver - pessoas mesquinhas e medíocres -, muito diferentemente do escritor, que passava fome literalmente, mas era conviva de gente que o estimulava de alguma forma.

Bom, tenho que batalhar, ao menos fazer a minha parte para que a minha vez chegue, sem muito sofrimento. Estou até aprendendo a ser mais paciente. Apesar de não ter ainda absoluta certeza de que o reconhecimento é certo...

Difícil ser funcionário

Difícil ser funcionário
Nesta segunda-feira.
Eu te telefono, Carlos
Pedindo conselho.

Não é lá fora o dia
Que me deixa assim,
Cinemas, avenidas,
E outros não-fazeres.

É a dor das coisas,
O luto desta mesa;
É o regimento proibindo
Assovios, versos, flores.

Eu nunca suspeitara
Tanta roupa preta;
Tão pouco essas palavras —
Funcionárias, sem amor.

Carlos, há uma máquina
Que nunca escreve cartas;
Há uma garrafa de tinta
Que nunca bebeu álcool.

E os arquivos, Carlos,
As caixas de papéis:
Túmulos para todos
Os tamanhos de meu corpo.

Não me sinto correto
De gravata de cor,
E na cabeça uma moça
Em forma de lembrança

Não encontro a palavra
Que diga a esses móveis.
Se os pudesse encarar...
Fazer seu nojo meu...

Carlos, dessa náusea
Como colher a flor?
Eu te telefono, Carlos,
Pedindo conselho.
João Cabral de Melo Neto

---

Ao contrário do que possa sugerir o poema, eu ando muito bem com o meu trabalho. Longe de mim contrariar João Cabral, mas eu fiz as pazes com o sistema, não me sinto mal em repartições... por enquanto.

Por que eu escrevo?

Eu fico enrolando para fazer posts aqui, para escrever o que quero; meço as palavras para não me comprometer e me preservar de certos loucos. Mas what's the point? Desse jeito, eu mesma estou me oprimindo e ficando neurótica tais e quais...

Enfim, para este meu, digamos, retorno, vou deixar registrada uma passagem muito boa de um livro da Clarice Lispector: (Digo "passagem de um livro" e não uma frase própria da autora, pois, segundo me consta, não devemos confundir autor com narrador, hehehe. )

Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse sempre a novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias.

Até que ponto eu sou também uma desesperada? Até que ponto estou tão cansada assim? Até que ponto ainda me identifico com tanto autoquestionamento cortante?

---
Pessoas simpáticas e legais têm passado por aqui ultimamente. Prometo ir retribuindo as visitas.

Abraços a todos.

Recém-nascidos

Acho lindo recém-nascidos! A coisa mais fofa do mundo! Vê-los me dá a sensação de paz e serenidade e a vontade de ter meus próprios filhos logo. Quatro filhos. Sim, QUATRO. Para eu poder dar TODOS os NOMES que eu acho bonitos, hahaha. A saber: Daniel, David, Olívia e Gabrielle. ("Pouco" caprichosa...)

Adorei a reportagem - na verdade, mais as fotos - da matéria Adoráveis Dorminhocos, da Veja de 12 de maio de 2010.

(uma das fotos da matéria)

Ô meu Deus! Com só um desses, eu iria me derreter toda! Teria até desgosto quando crescesse!


Reportagem e mais algumas fotos aqui.
Galeria de imagens relacionada aqui.

Traumatizada por trabalhos de faculdade

Bom... Eu não estou numa "vibe" MUITO legal.

Tenho que fazer um relatório dificílimo. Já o comecei, mas não tenho muita ideia do que escrever. Às vezes parece que não tenho ideia nenhuma... E é uma coisa séria e deveras urgente. Deus me ajude! Só rezando, me concentrando, etc. A agonia tá brava!

Receita para traumatizados por trabalhos acadêmicos:
- rezar, pedir para Deus te ajudar, não deixando que a sua ansiedade te atrapalhe.
- fingir que o prazo não estourou, que não é vergonhoso você estar entregando o trabalho só agora, que você não tem medo de que alguém te ligue ou te mande um e-mail ríspido, cobrando o trabalho.
- fazer um planejamento do que vai escrever e ir escrevendo conforme vierem as ideias.
- fingir que você pode fazer um trabalho meio medíocre - como a maioria faz -, sem que isso seja uma AFRONTA à sua honra para com si mesmo.
- encontrar prazer no que se faz. (Ahn, o quê? O que é isso?)

Não vejo a hora de terminar! Espero que até domingo. E sem MUITO MAIS violência psicológica.

Um post de "talvez"

Trabalhar tem lá suas vantagens. Pode-se aprender muitas coisas - que provavelmente não se quereria aprendê-las, pois advêm de experiências amargas. Mas se aprende e se acha mais esperto e maduro por isso. Ou, então, parafraseando uma passagem do livro Comer, Rezar, Amar, talvez seja uma "forma que o seu ego encontrou para pensar que está evoluindo moralmente. Não caia nessa".

Um obstáculo é que não somos educados para o mundo real, mas sim para um mundo ideal, em que as pessoas são éticas e bondosas, e não manipuladoras, mesquinhas, invejosas e brigam por migalhas. Poucos se salvam e coisas ruins acontecem a pessoas boas.

No entanto, é melhor não guardar mágoa do mundo por causa dessas condições. Não adianta. É mais psicologicamente producente aprender a lidar com elas.

---
Você pode trabalhar, trabalhar, trabalhar. Dominar a sua área horrores. E, um dia qualquer, ter a impressão de que não aprendeu nada com a sua experiência profissional. Que ainda é um ingênuo, que comete erro após erro (um burro teimoso e idiota, na verdade). Que você não está seguro do que fazer profissionalmente, e nem tem certeza sobre como agir sócio-profissionalmente. Você, então, acaba tendo momentos esquizofrênicos.

---
Assistir a Big Brother não é de todo futilidade e tosquice. Pode-se chegar à conclusão, por exemplo, de que muitas vezes damos valor e achamos legais pessoas cretinas e que não valem grande coisa.

---

Decepção pode ser uma faca de dois gumes. Por um lado, é uma facada no peito - ou pelas costas. Por outro, "ensina a viver", já escreveu a sabedoria orkutiana.

Mas o que dá para tirar: não adianta dar murro em ponta de faca - aliás, é melhor mesmo largar a mão do que se matar para que as coisas saiam à sua maneira, quando elas simplesmente não estão dando certo... Hum, mais alguma coisa? Sim: talvez, TALVEZ tenha volta.

---
Querer salvar a todos é uma ilusão? Faça o teste para ter certeza da resposta.

---
Bisous

Encontros de novela

E eis que eu, em menos de uma semana, tive DOIS encontros de novela, com DUAS pessoas diferentes. O que é um encontro de novela? É daqueles que você chega no mesmo local e no mesmo horário que outra pessoa, a quem você jamais esperava encontrar e lhe causa alguma sensação. Pois é... Aí, claro que eu fiquei pensando sobre...

---
Fiz muitas idiotices nos últimos dias ¬¬. Agora, estou pensando em como consertar tudo.

Para construir as coisas é difícil. Para destruir, é bem rápido. Em poucos dias, horas ou até minutos, é possível detonar-se a dedicação alheia. Para reconstruir, é preciso, no mínimo, bastante paciência e temperança.
Hoje foi um senhor dia chato. Começando por ontem, aliás. Brigas e noite mal-dormida. Carta escrita e mandada. Arrependimento hoje de manhã por ter enviado a carta. Muito, muito, MUITO calor, de arder, de queimar a pele. (Esse tipo de fator acaba com o bom-humor de qualquer um). Depois, muitas coisas para fazer e cansaço, sonolência. Fui dormir um pouco para organizar minha cabeça - pelo menos, hoje é meu dia de folga. Aí, acordo com um barulho de alarme, de tipo um caminhão que conserta asfalto, algo assim. Um alarme chato, chatíssimo, um apito agudo, na minha cabeça, que ficava tocando de dois em dois minutos. Sabe aquela coisa para que a única frase que vem à sua cabeça é "Ninguém merece"? Exatamente isso. Acordei e me acalmei um pouquinho. Tô aqui pensando em começar os compromissos que tenho que organizar.

---

Se a mulher não existisse, o mundo não teria ido pra frente.

Homem algum iria fazer alguma coisa na vida para impressionar outro homem, para conquistar sujeito igual a ele, de bigode e tudo.

Um mundo só de homens seria o grande erro da criação.


(Segundo o e-mail que eu recebei, é do) Arnaldo Jabor.


---

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
(...)
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
(...)
Manuel Bandeira.
---

Até mais!

 
designed by suckmylolly.com